CAPITALISMO E MEIO AMBIENTE
Paccelli M. Zahler
“No mundo ocidental, a visão de que a natureza era uma fonte de recursos foi fundamental para o desenvolvimento capitalista”.
O conceito de natureza foi sendo construído ao longo da evolução da sociedade e teve diferentes significados.
Nas sociedades nômades e coletoras, a natureza era sagrada, não havia separação entre espírito e matéria e todos os seres vivos pertenciam ao mesmo mundo.
Na Grécia Antiga, os filósofos pré-socráticos utilizavam a palavra “physis” para designar a totalidade de tudo o que é ou, como dizia de Tales de Mileto, tudo está cheio de misteriosas forças vivas que habitam a “physis”; a distinção entre a natureza animada e inanimada não tem fundamento, já que tudo tem alma.
A visão dos filósofos pré-socráticos guarda certa semelhança com o conceito de “Tao" dos chineses do século IV a.C., conforme as palavras de Lao-Tsé no Poema I do livro “Tao Te Ching, o Livro que Revela Deus”:
O Insondável (Tao) que não se pode sondar, não é o verdadeiro Insondável.
O Inconcebível que se pode conceber, não indica o Inconcebível.[...]
Ser e Existir são a Realidade total.
A diferença entre Ser e Existir é apenas de nomes.
Tanto os filósofos pré-socráticos quanto Lao-Tsé, no seu tempo e na sua cultura, viam a natureza como uma unidade.
No apogeu da civilização grega, Sócrates, Platão e Aristóteles influenciam a mudança do conceito de natureza, com a desqualificação dos filósofos pré-socráticos e a valorização do homem e suas idéias. Nesse período, começa a separação do homem e da natureza.
A incorporação da filosofia grega pela tradição judaico-cirstã deu origem ao antropocentrismo, onde o homem era o centro do universo, criado à imagem e semelhança de Deus e capaz de dominar a natureza.
No século XVII, o antropocentrismo passou a influenciar a ciência e Renée Descartes (1596-1650) apresentou a idéia de que a natureza existia para servir ao homem, o qual poderia dominá-la pelo conhecimento científico.
A partir desse paradigma, a ciência avançou e, no século XIX, o conhecimento científico tornou-se o meio quase exclusivo de compreensão do mundo, acompanhado de uma profusão de invenções e inovações, que permitiram uma exploração mais intensiva dos recursos naturais.
Nascia a Revolução Industrial, considerada a origem do sistema capitalista,onde o trabalho dos artesãos foi sendo substituído pela industrialização.
A Revolução Industrial teve início na Inglaterra no final do século XVIII, expandindo-se para os demais países europeus no século XIX.
Seu surgimento deveu-se a três causas: a) a necessidade de substituir a madeira, já escassa, por outros materiais e fontes de energia, havendo necessidade de invenções e inovações integradas à produção; b) a mudança nas políticas coloniais, com a formação de mercados consumidores para os produtos europeus; e c) a acumulação de capital para viabilizar investimentos, o que permitiu o aparecimento da burguesia (proprietários de fábricas, de bancos, de empresas de comércio e transporte), a propriedade privada, a migração de camponeses (sem-terras) para as cidades e o trabalho assalariado.
A natureza passou a ser vista como fonte de matérias-primas para o funcionamento das indústrias e o modelo da sociedade industrial foi transplantado para os ecossistemas, os quais deveriam subordinar-se a ela. Conseqüentemente, houve um aumento da degradação ambiental. Este fato foi indigitado pelo geógrafo francês Jean Brunhes, no século XIX, chamando o modelo de produção surgido com a Revolução Industrial como “economia de rapina” ou “economia destruidora”, onde a exploração dos recursos naturais era feita sem preocupação com o ritmo natural de sua reposição.
Passou-se a ter uma visão fragmentada da natureza e perdeu-se a noção do todo como apregoavam os filósofos pré-socráticos.
Esse fato pode ser ilustrado com a fábula dos três hindus cegos que foram levados a conhecer um elefante. O primeiro apalpou a presa e o definiu como uma lança; o segundo, a cauda, e o definiu como uma corda; o terceiro tocou-lhe o corpo e disse que era uma parede.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:
BAKER, Douglas. A abertura da terceira visão. Rio de Janeiro: Record, 1993.
GONÇALVES, Carlos Walter Porto. O conceito de natureza não é natural. In: Os (des)caminhos do meio ambiente, Contexto, 1990.
LAO-TSÉ. Tao Te Ching, o livro que revela Deus. São Paulo: Martin-Claret, 2003.
SENAC. Sociedade, natureza e desenvolvimento. Bloco temático I. E-book do Curso de Educação Ambiental, Brasília, Distrito Federal, 2006.
segunda-feira, junho 19, 2006
terça-feira, junho 13, 2006
Considerações sobre a crise ambiental da atualidade
CONSIDERAÇÕES SOBRE A CRISE AMBIENTAL DA ATUALIDADE
Paccelli M. Zahler
Partindo do conceito técnico de que ecologia é o estudo da interdependência e da interação entre os organismos vivos (animais e plantas) e o seu meio ambiente, conforme definição de Ernst Haeckel, em 1866, o Frei Leonardo Boff, em seu ensaio “Ecologia: um novo paradigma”, leva-nos a uma reflexão sobre a necessidade da ampliação desse conceito para chegarmos a uma solução para a crise ambiental que hoje vivenciamos.
A história nos mostra que cada cultura, cada sociedade, tem a sua forma característica de educar, tendo como objetivo o desenvolvimento dos seus indivíduos.
A nossa educação felizmente ou infelizmente tem forte influência da sociedade ocidental moderna, que coloca o homem como um ser desvinculado da natureza. Em outras palavras, a natureza deve servir ao homem e este deve dotar-se de conhecimentos e tecnologia para dominá-la.
Essa visão antropocêntrica promoveu o desenvolvimento de tecnologias para retirar o máximo dos recursos naturais em velocidades e intensidades de utilização tão grandes que não tem havido tempo hábil para a natureza se recuperar. Dessa maneira, aumentam o consumo, a produção de resíduos tóxicos, provocando uma crise ambiental.
Pela sua complexidade, a crise ambiental dos dias de hoje envolve condições sociais, econômicas e ambientais, em vista das desigualdades resultantes da produção de bens a partir da exploração e do consumo dos recursos naturais.
Os resíduos produzidos acabam se acumulando no meio ambiente em quantidades superiores a que este pode suportar, causando problemas locais, regionais, nacionais ou planetários por um tempo considerável e nem sempre são sentidos em curto prazo.
Já no final do século XIX, o geógrafo Jean Brunhes (Toulouse, 1869;Boulogne-sur-Seine, 1930), grande viajante e precursor da geografia humana na França, autor de Géographie humaine (1910), Géographie humaine de la France (1920-1926), alertava que toda a exploração dos recursos naturais era feita sem uma preocupação com o ritmo natural de sua reposição.
Nos dias de hoje, os principais problemas ambientais enfrentados pela humanidade são: o efeito estufa, que pode causar uma elevação da temperatura terrestre acarretando o aumento do nível dos mares e a desertificação; a redução da camada de ozônio, responsável pelo aparecimento do câncer de pele, cataratas e problemas no sistema imunológico; as chuvas ácidas, relacionadas com problemas no sistema respiratório e cardiovascular somado à morte de florestas e lagos; a perda da biodiversidade, devido ao desmatamento de grandes florestas para a implantação de projetos agropecuários baseados na monocultura e na criação extensiva de gado; e o acúmulo de resíduos sólidos e dejetos industriais, que permanecem por muito tempo no ambiente, como os resíduos nucleares, que afetam as populações humanas, animais e vegetais.
Diante desse cenário, o Frei Leonardo Boff destaca a necessidade de se pensar em uma ecologia holística, ou seja, “em uma prática e uma teoria que relaciona e inclui todos os seres entre si”, de forma interdisciplinar, pois tudo e todos estão inter-relacionados. Além disso, defende a tese de que todos os seres são importantes, não existindo o “direito dos mais fortes”; e sugere que o modelo de crescimento deve ser adequado às limitações dos recursos naturais.
É interessante que o conceito de ecologia holística defendida pelo Frei Leonardo Boff:
“[...]numa perspectiva do infinitamente pequeno das partículas elementares (quarks), do infinitamente grande dos espaços cósmicos, do infinitamente profundo do coração humano e do infinitamente misterioso do oceano ilimitado de energia primordial do qual tudo promana (vácuo quântico, imagem de Deus)”
guarda alguma semelhança com a Tábua de Esmeralda do ocultista Hermes Trismegisto, supostamente o pai da Ciência Oculta, fundador da Astrologia, descobridor da Alquimia, que teria vivido no Antigo Egito, considerado o Mestre dos Mestres, que diz:
“[...] o que é Inferior é como o que é Superior e o que é Superior é como o que é Inferior; por tais coisas se fazem os milagres do Rei Uno, é como todas as coisas são e procedem do Uno pela mediação do Uno, assim, todas as coisas nasceram desta coisa única, por adaptação[...]”
Certamente, o Frei Leonardo Boff não teve a intenção de basear-se em Hermes Trismegisto, mesmo porque a sua preocupação está em mostrar o quanto a natureza está inter-relacionada e que o homem, como parte dela, não pode continuar cultivando a idéia de que pode dominá-la sem sofrer as conseqüências dos seus atos. Assim, ele relaciona a situação atual do mundo com o “estado da psique humana”, isto é, nossa ecologia exterior nada mais é que um reflexo da ecologia interior, razão pela qual devemos mudar nosso forma de pensar, de ver e agir sobre a natureza.
Bibliografia consultada:
SENAC. Sociedade, natureza e desenvolvimento. Bloco temático I. E-book do Curso de Educação Ambiental, Brasília, Distrito Federal, 2006.
BOFF, Leonardo. Ecologia:um novo paradigma. In: Ecologia, mundialização e espiritualização, Editora Ática, 1993.
TRISMEGISTO, Hermes. Tábua de esmeralda (tradução de Felipe Villanova).Disponível em: http://www.paginas.terra.com.br/arte/sfv/TabuaDeEsmeralda.html. Acesso em:25.maio.2006.
ANÔNIMO. Biografia de Hermes Trismegisto. Disponível em: http://www.thecauldronbrasil.com.br/article/articleveiw/148/1/18/. Acesso em: 25.maio.2006.
Paccelli M. Zahler
Partindo do conceito técnico de que ecologia é o estudo da interdependência e da interação entre os organismos vivos (animais e plantas) e o seu meio ambiente, conforme definição de Ernst Haeckel, em 1866, o Frei Leonardo Boff, em seu ensaio “Ecologia: um novo paradigma”, leva-nos a uma reflexão sobre a necessidade da ampliação desse conceito para chegarmos a uma solução para a crise ambiental que hoje vivenciamos.
A história nos mostra que cada cultura, cada sociedade, tem a sua forma característica de educar, tendo como objetivo o desenvolvimento dos seus indivíduos.
A nossa educação felizmente ou infelizmente tem forte influência da sociedade ocidental moderna, que coloca o homem como um ser desvinculado da natureza. Em outras palavras, a natureza deve servir ao homem e este deve dotar-se de conhecimentos e tecnologia para dominá-la.
Essa visão antropocêntrica promoveu o desenvolvimento de tecnologias para retirar o máximo dos recursos naturais em velocidades e intensidades de utilização tão grandes que não tem havido tempo hábil para a natureza se recuperar. Dessa maneira, aumentam o consumo, a produção de resíduos tóxicos, provocando uma crise ambiental.
Pela sua complexidade, a crise ambiental dos dias de hoje envolve condições sociais, econômicas e ambientais, em vista das desigualdades resultantes da produção de bens a partir da exploração e do consumo dos recursos naturais.
Os resíduos produzidos acabam se acumulando no meio ambiente em quantidades superiores a que este pode suportar, causando problemas locais, regionais, nacionais ou planetários por um tempo considerável e nem sempre são sentidos em curto prazo.
Já no final do século XIX, o geógrafo Jean Brunhes (Toulouse, 1869;Boulogne-sur-Seine, 1930), grande viajante e precursor da geografia humana na França, autor de Géographie humaine (1910), Géographie humaine de la France (1920-1926), alertava que toda a exploração dos recursos naturais era feita sem uma preocupação com o ritmo natural de sua reposição.
Nos dias de hoje, os principais problemas ambientais enfrentados pela humanidade são: o efeito estufa, que pode causar uma elevação da temperatura terrestre acarretando o aumento do nível dos mares e a desertificação; a redução da camada de ozônio, responsável pelo aparecimento do câncer de pele, cataratas e problemas no sistema imunológico; as chuvas ácidas, relacionadas com problemas no sistema respiratório e cardiovascular somado à morte de florestas e lagos; a perda da biodiversidade, devido ao desmatamento de grandes florestas para a implantação de projetos agropecuários baseados na monocultura e na criação extensiva de gado; e o acúmulo de resíduos sólidos e dejetos industriais, que permanecem por muito tempo no ambiente, como os resíduos nucleares, que afetam as populações humanas, animais e vegetais.
Diante desse cenário, o Frei Leonardo Boff destaca a necessidade de se pensar em uma ecologia holística, ou seja, “em uma prática e uma teoria que relaciona e inclui todos os seres entre si”, de forma interdisciplinar, pois tudo e todos estão inter-relacionados. Além disso, defende a tese de que todos os seres são importantes, não existindo o “direito dos mais fortes”; e sugere que o modelo de crescimento deve ser adequado às limitações dos recursos naturais.
É interessante que o conceito de ecologia holística defendida pelo Frei Leonardo Boff:
“[...]numa perspectiva do infinitamente pequeno das partículas elementares (quarks), do infinitamente grande dos espaços cósmicos, do infinitamente profundo do coração humano e do infinitamente misterioso do oceano ilimitado de energia primordial do qual tudo promana (vácuo quântico, imagem de Deus)”
guarda alguma semelhança com a Tábua de Esmeralda do ocultista Hermes Trismegisto, supostamente o pai da Ciência Oculta, fundador da Astrologia, descobridor da Alquimia, que teria vivido no Antigo Egito, considerado o Mestre dos Mestres, que diz:
“[...] o que é Inferior é como o que é Superior e o que é Superior é como o que é Inferior; por tais coisas se fazem os milagres do Rei Uno, é como todas as coisas são e procedem do Uno pela mediação do Uno, assim, todas as coisas nasceram desta coisa única, por adaptação[...]”
Certamente, o Frei Leonardo Boff não teve a intenção de basear-se em Hermes Trismegisto, mesmo porque a sua preocupação está em mostrar o quanto a natureza está inter-relacionada e que o homem, como parte dela, não pode continuar cultivando a idéia de que pode dominá-la sem sofrer as conseqüências dos seus atos. Assim, ele relaciona a situação atual do mundo com o “estado da psique humana”, isto é, nossa ecologia exterior nada mais é que um reflexo da ecologia interior, razão pela qual devemos mudar nosso forma de pensar, de ver e agir sobre a natureza.
Bibliografia consultada:
SENAC. Sociedade, natureza e desenvolvimento. Bloco temático I. E-book do Curso de Educação Ambiental, Brasília, Distrito Federal, 2006.
BOFF, Leonardo. Ecologia:um novo paradigma. In: Ecologia, mundialização e espiritualização, Editora Ática, 1993.
TRISMEGISTO, Hermes. Tábua de esmeralda (tradução de Felipe Villanova).Disponível em: http://www.paginas.terra.com.br/arte/sfv/TabuaDeEsmeralda.html. Acesso em:25.maio.2006.
ANÔNIMO. Biografia de Hermes Trismegisto. Disponível em: http://www.thecauldronbrasil.com.br/article/articleveiw/148/1/18/. Acesso em: 25.maio.2006.
O atual modelo de desenvolvimento econômico é compatível com a idéia de desenvolvimento sustentável?
O atual modelo de desenvolvimento econômico é compatível com a idéia de desenvolvimento sustentável?
Paccelli M. Zahler
Para responder a essa questão, é necessário definir o que são os “recursos naturais” com o objetivo de uniformizar a linguagem e facilitar a compreensão sobre o tema.
Entende-se por “recursos naturais” todos os elementos fornecidos pela natureza e que podem ser transformados pela sociedade, como a água, o solo, os minerais, os combustíveis fósseis.
A utilização desses recursos pelas sociedades varia no decorrer do tempo, pois, dependendo da tecnologia disponível e da importância econômica, podem ser substituídos por outros. É o caso da lenha que foi substituída por gás e petróleo nas indústrias, transportes, residências.
Como conseqüência da intensa utilização dos recursos naturais pelas sociedades humanas, tem-se o acúmulo de resíduos e a emissão de gases que acabam afetando o meio ambiente e provocando uma crise ambiental como a vivida nos dias de hoje. Esta tem sido considerada como conseqüência do modelo de desenvolvimento adotado pelo mundo ocidental.
Fazendo uma retrospectiva histórica, pode-se verificar que os recursos naturais têm sido utilizados para gerar lucros em curto espaço de tempo. Isso se agrava à medida que cresce a população humana e aumentam as demandas de consumo espelhadas no modo de vida dos países desenvolvidos, que não respeita as limitações dos recursos naturais nem promove o desenvolvimento social.
Diante disso, os problemas ambientais que antes eram tratados em uma perspectiva local e regional, graças ao trabalho de ambientalistas e organizações não-governamentais, passaram a ser tratados em uma perspectiva planetária sob os auspícios da Organização das Nações Unidas (ONU), que, por sua vez, encampou o conceito de “desenvolvimento sustentável”, proposto em 1980 pela União Internacional para a Conservação da Natureza.
O “desenvolvimento sustentável” foi definido como “um processo de mudança pelo qual a exploração dos recursos, a orientação dos investimentos, as mudanças técnicas e institucionais se encontram em harmonia e reforçam o potencial atual e futuro da satisfação das necessidades humanas”.
A partir da Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (Rio-92), foram estabelecidos objetivos estratégicos para a implantação de um “desenvolvimento sustentável” baseado na justiça social, na cidadania e na preservação do meio ambiente. Tais objetivos foram corroborados por cerca de 170 chefes de Estado, signatários da Agenda 21.
Assim, os governos se comprometeram a promover uma justa distribuição de renda;assegurar um constante fluxo de investimentos públicos e privados; promover o uso racional dos recursos naturais e reduzir o volume de resíduos e dejetos lançados no meio;promover uma melhor distribuição territorial dos assentamentos humanos e das atividades econômicas e intensificar a criação de uma rede de reservas naturais;promover mudanças locais, respeitando as diferenças culturais das sociedades.
A cada dia que passa, percebe-se o quanto se faz necessário adotar novas tecnologias ou novas formas de utilizar os recursos naturais.
É inconcebível que,com os avanços científicos no estudo da natureza, se continue desmatando para criar novas fronteiras agrícolas; utilizando combustíveis fósseis; produzindo resíduos industriais e orgânicos que acabam tornando o planeta inabitável para as próximas gerações.
De acordo com Sachs (1998) “é necessário observar como nossas ações afetam locais distantes de onde acontecem, em muitos casos implicando todo o planeta ou até mesmo a biosfera”.
Voltando ao ponto inicial, chega-se à conclusão de que o atual modelo de desenvolvimento econômico é incompatível com a idéia de desenvolvimento sustentável.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BOFF, Leonardo. Ecologia:um novo paradigma. In: Ecologia, mundialização e espiritualização. São Paulo: Editora Ática, 1993.
SACHS, Ignacy. Pensando sobre o desenvolvimento na era do meio ambiente. 5º Encontro Bienal da International Society for Ecological Economics “Beyond Growth: Policies and Institutions for Sustainability”, Santiago, Chile, 15 a 19 de novembro de 1998.
SENAC. Sociedade, natureza e desenvolvimento. Bloco temático I. E-book do Curso de Educação Ambiental, Brasília, Distrito Federal, 2006.
Paccelli M. Zahler
Para responder a essa questão, é necessário definir o que são os “recursos naturais” com o objetivo de uniformizar a linguagem e facilitar a compreensão sobre o tema.
Entende-se por “recursos naturais” todos os elementos fornecidos pela natureza e que podem ser transformados pela sociedade, como a água, o solo, os minerais, os combustíveis fósseis.
A utilização desses recursos pelas sociedades varia no decorrer do tempo, pois, dependendo da tecnologia disponível e da importância econômica, podem ser substituídos por outros. É o caso da lenha que foi substituída por gás e petróleo nas indústrias, transportes, residências.
Como conseqüência da intensa utilização dos recursos naturais pelas sociedades humanas, tem-se o acúmulo de resíduos e a emissão de gases que acabam afetando o meio ambiente e provocando uma crise ambiental como a vivida nos dias de hoje. Esta tem sido considerada como conseqüência do modelo de desenvolvimento adotado pelo mundo ocidental.
Fazendo uma retrospectiva histórica, pode-se verificar que os recursos naturais têm sido utilizados para gerar lucros em curto espaço de tempo. Isso se agrava à medida que cresce a população humana e aumentam as demandas de consumo espelhadas no modo de vida dos países desenvolvidos, que não respeita as limitações dos recursos naturais nem promove o desenvolvimento social.
Diante disso, os problemas ambientais que antes eram tratados em uma perspectiva local e regional, graças ao trabalho de ambientalistas e organizações não-governamentais, passaram a ser tratados em uma perspectiva planetária sob os auspícios da Organização das Nações Unidas (ONU), que, por sua vez, encampou o conceito de “desenvolvimento sustentável”, proposto em 1980 pela União Internacional para a Conservação da Natureza.
O “desenvolvimento sustentável” foi definido como “um processo de mudança pelo qual a exploração dos recursos, a orientação dos investimentos, as mudanças técnicas e institucionais se encontram em harmonia e reforçam o potencial atual e futuro da satisfação das necessidades humanas”.
A partir da Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (Rio-92), foram estabelecidos objetivos estratégicos para a implantação de um “desenvolvimento sustentável” baseado na justiça social, na cidadania e na preservação do meio ambiente. Tais objetivos foram corroborados por cerca de 170 chefes de Estado, signatários da Agenda 21.
Assim, os governos se comprometeram a promover uma justa distribuição de renda;assegurar um constante fluxo de investimentos públicos e privados; promover o uso racional dos recursos naturais e reduzir o volume de resíduos e dejetos lançados no meio;promover uma melhor distribuição territorial dos assentamentos humanos e das atividades econômicas e intensificar a criação de uma rede de reservas naturais;promover mudanças locais, respeitando as diferenças culturais das sociedades.
A cada dia que passa, percebe-se o quanto se faz necessário adotar novas tecnologias ou novas formas de utilizar os recursos naturais.
É inconcebível que,com os avanços científicos no estudo da natureza, se continue desmatando para criar novas fronteiras agrícolas; utilizando combustíveis fósseis; produzindo resíduos industriais e orgânicos que acabam tornando o planeta inabitável para as próximas gerações.
De acordo com Sachs (1998) “é necessário observar como nossas ações afetam locais distantes de onde acontecem, em muitos casos implicando todo o planeta ou até mesmo a biosfera”.
Voltando ao ponto inicial, chega-se à conclusão de que o atual modelo de desenvolvimento econômico é incompatível com a idéia de desenvolvimento sustentável.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BOFF, Leonardo. Ecologia:um novo paradigma. In: Ecologia, mundialização e espiritualização. São Paulo: Editora Ática, 1993.
SACHS, Ignacy. Pensando sobre o desenvolvimento na era do meio ambiente. 5º Encontro Bienal da International Society for Ecological Economics “Beyond Growth: Policies and Institutions for Sustainability”, Santiago, Chile, 15 a 19 de novembro de 1998.
SENAC. Sociedade, natureza e desenvolvimento. Bloco temático I. E-book do Curso de Educação Ambiental, Brasília, Distrito Federal, 2006.
Assinar:
Postagens (Atom)