O atual modelo de desenvolvimento econômico é compatível com a idéia de desenvolvimento sustentável?
Paccelli M. Zahler
Para responder a essa questão, é necessário definir o que são os “recursos naturais” com o objetivo de uniformizar a linguagem e facilitar a compreensão sobre o tema.
Entende-se por “recursos naturais” todos os elementos fornecidos pela natureza e que podem ser transformados pela sociedade, como a água, o solo, os minerais, os combustíveis fósseis.
A utilização desses recursos pelas sociedades varia no decorrer do tempo, pois, dependendo da tecnologia disponível e da importância econômica, podem ser substituídos por outros. É o caso da lenha que foi substituída por gás e petróleo nas indústrias, transportes, residências.
Como conseqüência da intensa utilização dos recursos naturais pelas sociedades humanas, tem-se o acúmulo de resíduos e a emissão de gases que acabam afetando o meio ambiente e provocando uma crise ambiental como a vivida nos dias de hoje. Esta tem sido considerada como conseqüência do modelo de desenvolvimento adotado pelo mundo ocidental.
Fazendo uma retrospectiva histórica, pode-se verificar que os recursos naturais têm sido utilizados para gerar lucros em curto espaço de tempo. Isso se agrava à medida que cresce a população humana e aumentam as demandas de consumo espelhadas no modo de vida dos países desenvolvidos, que não respeita as limitações dos recursos naturais nem promove o desenvolvimento social.
Diante disso, os problemas ambientais que antes eram tratados em uma perspectiva local e regional, graças ao trabalho de ambientalistas e organizações não-governamentais, passaram a ser tratados em uma perspectiva planetária sob os auspícios da Organização das Nações Unidas (ONU), que, por sua vez, encampou o conceito de “desenvolvimento sustentável”, proposto em 1980 pela União Internacional para a Conservação da Natureza.
O “desenvolvimento sustentável” foi definido como “um processo de mudança pelo qual a exploração dos recursos, a orientação dos investimentos, as mudanças técnicas e institucionais se encontram em harmonia e reforçam o potencial atual e futuro da satisfação das necessidades humanas”.
A partir da Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (Rio-92), foram estabelecidos objetivos estratégicos para a implantação de um “desenvolvimento sustentável” baseado na justiça social, na cidadania e na preservação do meio ambiente. Tais objetivos foram corroborados por cerca de 170 chefes de Estado, signatários da Agenda 21.
Assim, os governos se comprometeram a promover uma justa distribuição de renda;assegurar um constante fluxo de investimentos públicos e privados; promover o uso racional dos recursos naturais e reduzir o volume de resíduos e dejetos lançados no meio;promover uma melhor distribuição territorial dos assentamentos humanos e das atividades econômicas e intensificar a criação de uma rede de reservas naturais;promover mudanças locais, respeitando as diferenças culturais das sociedades.
A cada dia que passa, percebe-se o quanto se faz necessário adotar novas tecnologias ou novas formas de utilizar os recursos naturais.
É inconcebível que,com os avanços científicos no estudo da natureza, se continue desmatando para criar novas fronteiras agrícolas; utilizando combustíveis fósseis; produzindo resíduos industriais e orgânicos que acabam tornando o planeta inabitável para as próximas gerações.
De acordo com Sachs (1998) “é necessário observar como nossas ações afetam locais distantes de onde acontecem, em muitos casos implicando todo o planeta ou até mesmo a biosfera”.
Voltando ao ponto inicial, chega-se à conclusão de que o atual modelo de desenvolvimento econômico é incompatível com a idéia de desenvolvimento sustentável.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BOFF, Leonardo. Ecologia:um novo paradigma. In: Ecologia, mundialização e espiritualização. São Paulo: Editora Ática, 1993.
SACHS, Ignacy. Pensando sobre o desenvolvimento na era do meio ambiente. 5º Encontro Bienal da International Society for Ecological Economics “Beyond Growth: Policies and Institutions for Sustainability”, Santiago, Chile, 15 a 19 de novembro de 1998.
SENAC. Sociedade, natureza e desenvolvimento. Bloco temático I. E-book do Curso de Educação Ambiental, Brasília, Distrito Federal, 2006.
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